terça-feira, 28 de agosto de 2018

Nós devemos ser e agir mais como crianças

Vou compartilhar minha experiência que tive esse sábado. Não sei o quanto compartilhei da família que eu moro aqui nos Estados Unidos, mas esse casal tem sete filhos no total, todos eles casados e a maioria com filhos. Um dos filhos desse casal estava esperando pelo quinto filho que iria nascer. Eu me ofereci a cuidar das outras quatro crianças enquanto eles se recuperavam no dia seguinte no hospital.
Eu nunca cuidei de quatro crianças sozinha. Apesar das idades serem até que boas (12, 7,5 e 3 anos) eu sonhei várias vezes e estava preocupada. Até que  a vó (adotiva) americana sugeriu em me ajudar a cuidar das crianças. E com isso, uma outra filha da vó que mora perto do casal que estava esperando a bebê, sugeriu para irmos até a casa dela e assim ela e o marido nos ajudariam comas crianças. Ai nesse momento você deve pensar: nossa mas 4 adultos para 4 crianças? Bom, na verdade, a filha da vó que sugeriu irmos a sua casa já tinha quatro crianças. Ou seja eram 8 crianças para quatro adultos cuidar.
Sábado chegou o dia, acordamos cedo, fomos até a casa da filha da vó, onde todas as crianças já se encontravam. Ao todo estavam sete crianças, já que a mais velha não foi. Uma criança de sete anos, duas de cinco, uma de 4 e outra de 3, uma de dois e um bebê de 5 meses. Eu não sei se você já cuidou de crianças mas uma só é bem cansativa. Eu estava exausta no fim do dia. Mas tudo bem, porque foi um dia bom.

Modéstia a parte eu sou boa com bebês e crianças, e elas normalmente gostam de mim. Então durante o dia eu pelo menos estava com uma criança, seja o bebê e o menino de sete anos, ou o de dois anos, ou as duas de três e quatro anos uma de três e um de cinco. Enfim, eu pude aproveitar para observar eles mais de perto.

As crianças dessa família especificamente são mais inocentes que as crianças de hoje em dia. Elas são mais prevenidas de acesso a tecnologia e TV. Enquanto eu conversei um pouco com o menino de  sete, eu percebi como ele gosta de atenção e gosta de dar atenção. Uma vez ele me chamou para andarmos no quintal enquanto conversávamos. Dessa vez ele queria muito conversar e dar atenção para o bebê. Esse menino dois anos atrás teve uma infecção no coração, e ele hoje é um guerreirinho. Tem várias alergias, e devido ao que aconteceu não pode correr tanto ou ficar muito agitado. Ao invés de ser uma criança revoltada, chata e mimada pelos nãos que a vida lhe deu, ele quer passar o tempo com as pessoas.
Eu acho isso admirável, nós passamos muito tempo reclamando de bobeiras e esquecemos de aproveitar o que temos em nossa volta.

A irmã mais nova dele, de quatro anos eu não sou tão próxima porque foram poucas as vezes que eu a vi (que ela lembre). De qualquer forma, enquanto eu ou alguém estava segurando o bebê, ela estava sempre por perto. Em um momento ela deu um livro para eu ler para ele (bebê), em outro ela brigou com o irmão que não desse um brinquedo de plástico para o bebê cuidar porque era muito duro, ou até mesmo sugerir a mãe do bebê (tia dela) para dar mais fruta para ele.
Ela tem quatro anos e tem um coração de mãe. Ela vai ser uma irmã incrível para essa nova baby que nasceu.

Um do de cinco anos passou o dia meio triste, não falou com ninguém e em um momento se trancou no banheiro e não saia de lá. Nós estávamos preocupadas achando que ele estava doente. Pedi para a vó dele ir falar com ele. Ele teve um pequeno incidente e tentou resolver sozinho e por isso estava triste porque não deu certo. Depois que ele finalmente aceitou a ajuda ele se recompôs e pode brincar com os primos e até sorriu e conversou bastante.
As vezes a gente fica triste ou frustrado por não conseguir fazer o que precisamos ou simplesmente porque algo não está dando certo. Precisamos entender que as vezes tudo que precisamos é de uma ajudinha e que tudo bem não conseguirmos tudo.

A última porém não menos importante foi quando as crianças resolveram agir feito doidas. Um começa a jogar tudo para o alto e espalhar todos os brinquedos para o alto, e gritar. O outro segue e faz o mesmo. Começam a subir nos móveis, se jogar no chão e dar muita risada. A gente chama esse comportamento de "being silly" sendo bobinhos querendo atenção, mal sabendo do risco que estavam correndo com os pais logo ali do lado, prontos para chamar atenção deles. Quando estava brincando com água eles, se jogaram na piscininha, se molharam, correram, riram e mais do que tudo, se divertiram.
Essas crianças parecem que deram trabalho, mas na verdade não, toda a bagunça que eles fizeram, eles mesmos arrumaram depois, tiraram uma hora de "momento quieto" e quando os pais/tios mandaram pararem, eles pararam. Quando estavam focados em uma tarefa, estavam totalmente concentrados e sem nenhum problema dividiram seus brinquedos.

Nós temos que agir mais como crianças, ser mais inocentes, perguntar mais sobre as coisas, gritar, rir como se tivesse ouvido a melhor piada do dia, se jogar, aproveitar o que pode, ser criativo, correr riscos, se divertir, mas também ser respeitosos, alegres, cantar (eles adoravam cantar), buscar e compartilhar amor, sonhar e acreditar que todo dia vai ser um dia de piscina.

A única parte difícil do dia foi responder a todas as perguntas sobre minhas tatuagens:
"O que é isso?"
"Ah... são desenhos!"
"Desenhos? Por que fez desenhos nos dedos?" "Quem fez os desenhos?"
"Ah... porque eu gosto, meu amigo que fez, risos"
"Por que seu amigo desenhou?" "Quando você fez?" "Eu posso fazer também?"
"Er..... quem quer ler um livro?"




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