sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Aprecie tudo em sua volta

Essas últimas duas semanas não foram emocionalmente boas. Apesar de eu exercitar a postura de pensamentos positivos, gratidão, tem horas que não dá. É humanamente/cientificamente impossível não ter emoções. Algumas pessoas são mais reservadas, outras mais sensíveis e outras que tem um controle maior sobre suas emoções.
Eu além de sensível as vezes, sou muito emotiva. Eu me emociono com tudo, inclusive comerciais. Pode ser por isso que eu vivo e sinto tudo muito mais intensivamente. Bom, essa semanas tive dois acontecimentos que me fizeram refletir.

Lembram da frase Take someone/something for granted? Bom, eu novamente não valorizo o suficiente a música clássica. A família que eu moro me introduziu a música clássica. Em uma família onde quase todos tocam algum instrumento e sendo um deles a harpa. Em média eu vou a dez concertos sinfônicos por ano.  Confesso que ainda para mim é difícil não me distrair em uma música muito longa, mas enfim. Eu talvez não valorize o conhecimento que essa família tem a me oferecer. Música em si é lindo, e uma das coisas que me distrai mais em concertos é parar para reparar em cada instrumento e pensar em como cada músico construiu ou criou cada música. Como cada som sai de um singelo movimento. Como a mistura de vários instrumentos da uma música mais linda ainda.

Pois bem, a semana não estava sendo as mais empolgantes, ontem (23) cheguei em casa tarde e tive a sorte de encontrar minha "fada madrinha" ensaiando harpa. Enquanto jantava eu tive o privilégio de ouvir uma outra música que adoro. All I Ask, da trilha sonora de Fantásma da Ópera (se não assistiu, por favor assista para continuarmos a amizade). Quando fui conversar um pouco com a madrinha, e ela tocou a minha música favorita! Over the rainbow. A harpa parece fazer toda música soar mais bonita.

Esse "concerto privado" foi bom para me desfocar um pouco de tudo que estava passando em minha cabeça. Eu adoro o que faço no jornal, mas ser editora, me faz ser responsável para as reuniões, encontros, e histórias mais importantes do jornal. Em Junho, um dos nossos "conselheiros" teve uma morte inesperada, e foi uma supresa enorme para nós do jornal, e obviamente  para sua família. E advinha quem ficou responsável por escrever um tributo a ele? Euzinha.
Eu não estou reclamando porque não queria fazer essa matéria pela morte de David. Mas a verdade é que eu não sei lidar com perdas, principalmente morte. Não importa quem seja, é difícil para eu lidar e falar sobre. Imagina eu, a senhora emotiva falando com o familiares de David e escrevendo sobre ele? Em uma pequena reflexão eu trabalhei por quase dois anos inteiros com David e eu percebi que ele é a pessoa que eu mais convivi que faleceu. E essa ideia de que ele não vai mais aparecer de Quinta e Sexta  a noite com a sacola dele com o jantar para nos ajudarmos, é meio dolorida.

A realidade é que no começo eu não gostava de David. Ele não era uma pessoa que sorria muito e muitas vezes pode até soar rude. Eu no começo tive minhas dificuldades em entender como eu poderia aprender com ele, porque eu sabia que ele era essencial para o jornal e que ele tinha muito aprender. De qualquer forma, o tempo passou e nunca mais tive problemas com ele, mas eu nunca tive um momento que eu sentei e conversei sobre a vida dele. Até essa semana, eu não sabia quase nada de sua vida, e ele nunca soube da minha.

E eu estou falando sobre ele porque essa matéria que eu escrevi eu aprendi muito. Eu aprendi que apesar de David não mostrar muita empolgação com o jornal que produzimos, ele tinha o maior orgulho. Que ele falava sobre para sua família e até mencionava em seu blog. Aprendi que na verdade somos muito parecidos, David também escrevia constantemente, e ele também tem uns 3 blogs (e são do blogspot). Aprendi que temos gosto parecido para layout, pois enquanto pesquisava sobre sua vida, encontrei seu site/portifólio e por incrível que pareça o layout base é o mesmo que o meu. Eu aprendi muito sobre sua vida, sua profissão e sobre seus gostos.

Eu aprendi que eu perdi a oportunidade de conhecer mais uma pessoa que tinha uma vida muito interessante, perdi a oportunidade de aprender mais com ele. Aprendi que a gente não tem controle da nossa vida, aprendi que cancêr continua atingindo pessoas do bem. Aprendi a manter a força e conversar com a família dele. Aprendi que David fez e fará falta no meu dia a dia.

Eu senti uma pressãozinha sabendo que sua família e dependendo do que as pessoas acreditam, até ele vai ler. Obrigada David por me ensinar até mesmo quando não está mais aqui. Me perdoa por de certa forma não ter sido a melhor aluna que teve.







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