quinta-feira, 30 de agosto de 2018

O dia mais louco da minha vida

Quando eu acho que já vivi de tudo, vem a vida e mostra que estou errada de novo. Ok eu sei que não vivi de tudo, mas enfim. Está preparada? Essa história é meio longa!
Terça, (28) eu tinha um compromisso com hora marcada, em um lugar que era bem longe. Então imagina a importância desse compromisso, porque o lugar era muito longe, eu estava achando que tinha mudado de estado hahahaha. De qualquer forma, quando chego em uma estação, meu próximo passo era pegar um ônibus. Saindo do trem, uma senhora me pergunta se eu poderia fazer uma ligação para ela no meu celular. Eu sei que é loucura, mas já fiz esse mesmo favor para pessoas que algumas pessoas teriam certeza que o celular seria roubado. Nenhuma das vezes isso aconteceu.

Então eu fiz a ligação e ninguém atendeu, foi direto para caixa postal. Liguei para mais três números e nada. Ah, é importante falar que essa senhora não fala inglês, então toda a comunicação foi em espanhol. A senhorinha me perguntou se eu tinha carro e se poderia leva-la até a casa dela, de acordo com ela, a filha iria buscar mais não não atendia o celular. Ela disse que morava perto porém não tão perto para ir andando. Estava um calor de 40 graus, sem exagero. Ela começou a ficar mais desesperada, ela me passou um quarto número para ligar. Esse atendeu, ela começou a gritar e falar um monte de coisa rápido, eu não entendi muito bem tudo. Eu sei que ela falou que estava na estação esperando a filha, que a muchacha (eu) não estava entendendo nada, (o que era verdade, eu nem sabia onde estava direito). Pelo o que eu entendi, a mulher no outro lado do telefone, trabalhava para a administração do condomínio que a tal senhora morava. Não tenho certeza, só sei que ela desligou na cara da senhorinha, que começou a falar rápido e rir e de certa forma se desesperar mais um pouco.

Eu perguntei para ela qual a rua que ela morava, porque ai eu a ajudaria a ver qual ônibus ou até mesmo poderia pagar um über para ela. Mas o endereço que ela me passou não existia. Nem parecido. Eu falei para ela e apontei para o ônibus que eu iria pegar. Ela perguntou se passava perto de uma ponte sei lá. Eu repeti para ela dizendo que não conhecia a região, e que iria perguntar para o motorista. Quando perguntei ao motorista do ônibus (em inglês) e ele me disse que passava sim por uma ponte, porém aquele ônibus que ele estava o ar condicionado estava quebrado e que provavelmente iria parar de funcionar.  Expliquei para a senhorazinha o que o motorista falou e disse que tínhamos que esperar o próximo ônibus. Depois que ela finalmente entendeu, o motorista volta e avisa que ele poderia levar a gente até certo ponto, e lá teríamos que pegar outro ônibus.
Eu não sei o que a moça no telefone falou para a senhora, não sei se eu confundi ela quando disse que o ônibus estava quebrado e mesmo assim estava entrando no ônibus, ou se era problemas de comunicação, só sei que naquele momento eu tive que fazer um esforço para convence-la a a entrar no ônibus.

No caminho algum número me ligou de volta, era a filha da senhora, passei o telefone para Cecília, que naquele momento já sabia o nome dela. Fiquei tão preocupada em ajuda-la que nem o nome dela havia perguntado. O ônibus estava muito barulhento então a filha dela não a ouvia, voltei a falar com ela no telefone e expliquei que eu estava tentando ajudar a mãe dela, que eu não sabia onde estávamos indo, mas que estávamos em um ônibus e que eu não tinha ideia de qual era o endereço da mãe dela. Isso tudo com um barulho grande.

Você está tão agoniada quanto eu lendo isso? Calma que está acabando.

Nessa conversa com a filha dela em algum momento eu estava conversando em inglês com a neta de Cecília, e expliquei a mesma coisa, fui esperta e coloquei o fone de ouvido e tudo facilitou a conversa, dei o fone de ouvido para a Cecília que teve dificuldades em entender o que aquilo faria, mas deu certo. Cecília estava falando com sua filha em espanhol e ouvindo ela perfeitamente. Ai, o motorista pede para a gente descer, atravessar a rua e esperar o próximo ônibus para continuar o trajeto. Eu não entendi nada, só desci trazendo Cecília comigo. Nesse ponto estava eu e Cecília perto de uma travessa de ruas, no meio do nada. Não tinha um ponto de referencia, havia umas casas perto porém nada além disso. Ahhh, esqueci de avisar que minha bateria do celular estava já nos 30% e eu nem tinha chegado ao meu compromisso, e ainda ia ter que voltar para casa e meu bilhete de ônibus é um aplicativo! Bom, a ligação caiu, naquele momento eu já estava quase chorando achando que eu e Cecília iriamos ficar para sempre lá. Se eu já não sabia antes onde estava na estação, imagina naquele rua no meio do nada? Ligaram de novo, foi de novo um sufoco essa troca de informações em ingles, eu tentando explicar que saímos do ônibus, estávamos esperando outro, e passando as direções de onde estávamos. Eu falei as ruas em que estávamos, falei que eu estava perto de uma highway (estrada) tal, e de repende a alguém dis, eu sei onde vocês estão, espera ai que estou indo.

Eu já nem sei em que idioma estava, a ligação caiu e eu olhei para Cecília e disse que eles estavam vindo. Nesse momento acho que eu e ela nos aliviamos, Porque ela acalmou, e eu acalmei, tudo o que tínhamos que fazer era esperar. Estava quente, sem lugar para sentar ou sombra, mas tudo bem. Eu olhei para Cecília e conversei com calma. Ela era de Honduras, tinha 67 anos. Tinha ido de manhã trabalhar em Irving, o que me surpreendeu muito porque eu acho que era pelo menos 3 horas de onde estávamos (de meio de transporte) e que seu celular não estava funcionando. Eu falei que era brasileira e a mulher me abraçou, e disse amiga brasileña, por um tempão. Pediu para eu colocar meu número no celular dela e pronto.

Conversamos por mais um tempinho e a filha dela chegou, eu me despedi e ela falou que não, a filha dela me deixaria onde eu tinha que ir. E foi assim, que eu vivi um dos dias mais loucos. Acabei chegando uma hora e meia adiantada para meu compromisso, mas tudo foi recompensado porque conheci um dos olhos verdes mais lindos. Uma pena que eu nunca mais vou fazer esse mesmo trajeto, mita emoção para uma pessoa só.

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